domingo, 23 de setembro de 2012

SEM REVIVAL (rivái' vâl)




Deixaste-me assim:
espera de um momento,
cavalgada prometida,
praia não sentida.

Olho o mar,
já não sinto a areia
- que nos meus sonhos -
sujou nossos corpos,
rolando no chão.

Minha boca está seca
sem a tua boca,
outrora sequiosa
- qual um vampiro -,
sugando meu pescoço
nas marcas evidentes
de uma grande paixão.

Não há mais espera
nada mais para reviver.

Volto preenchida
não de ti, mas de tantos outros:
amigos, turistas,
estranhos, eventos, lugares.

Ficou um vazio
a sugerir teu nome – lamento.

Ficou a grande certeza
de que perdemos algo
quem sabe no passado -
sem chance de reviver.

Ou foram as nossas cãs
que falaram mais alto,
escondendo um jogo
de emoções desses
ainda jovens, porém
eternamente covardes.


Da angustiante espera,
da enorme expectativa,
um encontro casual, um abraço.

Apenas um carinhoso abraço.

Este, porém, inesquecível.

(Natal, maio/2002)



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