terça-feira, 9 de outubro de 2012

REVELAÇÃO DE UM MOMENTO



Hoje, em me ocultar,
me desnudei.

Hoje, me descobri

travessa,
roubando um beijo
da tua boca.

Hoje, provei um gosto bom:
de traquinagem!
De surpresa em mim,
adoçando minha boca na tua.

Hoje, descobri
meu tom de pele no teu,
por uma fração de minuto.

Bsb, 1992

INVERNOS




Quantos já se passaram!
Em que dia, hora e lugar nos deixamos?
A chuva que cai traz o barulho
dos pingos fazendo música no chão;
seu ritmo próprio, encadeado,
quebrado pelo rugir do trovão.
O poema de amor rasgado, jogado fora.
A enxurrada levou pra algum esgoto da vida.
Eram meus sentimentos, puros sentimentos...
Não faz mal, outros virão...
Outros invernos, também!
Assim como o sol, de novo virá.
Amanhã e amanhã e num outro amanhã,
dourando a lânguida paisagem cinza,
aquecendo esse invernal tormento.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

MORNIDADE



Faz-me bem sentir-te assim,
na mornidade que emanas,
da quase inexistência do ser normal.

Deixo-te com meus passos lentos
e simplesmente suspiro profundo,
querendo entender o que já não dá.

Abro meus braços para o mundo
e percebo que já não quero todo,
pois sou tão minha e tão lúcida,
que me basta a fração de apenas um minuto.

De apenas um minuto...
 
Bsb, 1994
 

CANÇÃO PRA NÃO TE DEIXAR



Penso em te mandar embora,
junto palavras e não digo.
 

 Lembro momentos
bons e maus , suspiro.

 
Refaço nossos passos,
imagino dias nublados,
teu lugar vazio à mesa.
 
Corro à janela, você não vem,
o ruído das chaves, não mais.
 
Meu riso sem eco,
a novidade sem ouvinte,
o abraço que não se dará.
 
A contenda não faz sentido,
vou pedir pra você ficar.

Bsb, 03/out/2012