sábado, 1 de dezembro de 2012

É NATAL!

By Mércia Dantas

De repente, uma enorme vontade de ser criança, não de esperar o Papai Noel, mas a irresistível vontade de ser criança.
A magia do Natal em todas as suas formas e cores. As cores... Ah! As cores do Natal. Qual será a mais bonita, branco, verde, vermelho, azul? Nem sei dizer. Todas emocionam no seu revestimento e apresentação especiais.
As árvores de Natal. Sim, acho que é a parte mais bonita da festa. Há uma magia na árvore de Natal.
Árvore, vida, crescimento, renascimento, beleza, saúde, alimento – tudo está relacionado. E voa-se mais alto com a árvore de Natal: esperança, felicidade, fartura, prazer.
É a época mais bonita do ano e por ironia, a mais triste também. Por que será? Por que o Natal evoca tantas boas e más lembranças?
Será este o efeito da comemoração do menino Deus? Pesar os dois lados? Estabelecer a diferença das duas faces da moeda? E por que só pensar em mais alegria nesta data? Não poderíamos ter um Natal permanente?
Mas, se o tivéssemos, seria tão lindo quanto o é, em dezembro?
São indagações que ficam sem respostas.
Mas, apesar de tudo e dos dias difíceis que nos afastam dos excessos tão desejados da época, fica acesa uma luz no nosso interior e lembramos que é, além de tudo, tempo de renovação.
É,  a cada Natal, renasce a esperança de que nos dias seguintes tudo seja melhor e, na falta do meu pinheiro ornamentado com o valor que a bolsa pode dar, planto um pinheirinho no meu coração e coloco nele os mais belos enfeites que meus olhos possam vislumbrar.
E rego a minha planta, na certeza de que, assim o fazendo, crescerá a minha árvore do amor e será fértil e farta em seus frutos por todos os anos que ainda lá estiver.

Brasília, 01/dez/2012.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

REVELAÇÃO DE UM MOMENTO



Hoje, em me ocultar,
me desnudei.

Hoje, me descobri

travessa,
roubando um beijo
da tua boca.

Hoje, provei um gosto bom:
de traquinagem!
De surpresa em mim,
adoçando minha boca na tua.

Hoje, descobri
meu tom de pele no teu,
por uma fração de minuto.

Bsb, 1992

INVERNOS




Quantos já se passaram!
Em que dia, hora e lugar nos deixamos?
A chuva que cai traz o barulho
dos pingos fazendo música no chão;
seu ritmo próprio, encadeado,
quebrado pelo rugir do trovão.
O poema de amor rasgado, jogado fora.
A enxurrada levou pra algum esgoto da vida.
Eram meus sentimentos, puros sentimentos...
Não faz mal, outros virão...
Outros invernos, também!
Assim como o sol, de novo virá.
Amanhã e amanhã e num outro amanhã,
dourando a lânguida paisagem cinza,
aquecendo esse invernal tormento.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

MORNIDADE



Faz-me bem sentir-te assim,
na mornidade que emanas,
da quase inexistência do ser normal.

Deixo-te com meus passos lentos
e simplesmente suspiro profundo,
querendo entender o que já não dá.

Abro meus braços para o mundo
e percebo que já não quero todo,
pois sou tão minha e tão lúcida,
que me basta a fração de apenas um minuto.

De apenas um minuto...
 
Bsb, 1994
 

CANÇÃO PRA NÃO TE DEIXAR



Penso em te mandar embora,
junto palavras e não digo.
 

 Lembro momentos
bons e maus , suspiro.

 
Refaço nossos passos,
imagino dias nublados,
teu lugar vazio à mesa.
 
Corro à janela, você não vem,
o ruído das chaves, não mais.
 
Meu riso sem eco,
a novidade sem ouvinte,
o abraço que não se dará.
 
A contenda não faz sentido,
vou pedir pra você ficar.

Bsb, 03/out/2012

sábado, 29 de setembro de 2012

QUEM SABE



By Mércia Dantas
 
Deixei de contar o tempo,
escondi o calendário,
desliguei o relógio,
fechei as gavetas,
guardei os retratos,
quebrei o espelho.
Marcas na face
não me interessam,
saber das horas perdidas
também não, já foram...
O cheiro do mofo
e o amarelo das fotografias
já não me dizem nada,
são histórias banais.
Aprendi a ouvir a alma,
as batidas do coração,
deixa-me escutar a tua,
quem sabe ainda há tempo...
Para contar o tempo,
olhar o calendário,
ligar o relógio,
abrir as gavetas,
fazer novas fotografias
e sorrir no espelho.
Quem sabe...

Bsb, 30/set/2012

EU NEM TE CONTEI




 
Das cores que se fizeram,
dos braços que me abraçaram,
das loucas noites em claro.

Que sobrevivi,
aprendi a fazer da solidão
a melhor amiga, companheira,
aprendi a esperar o momento.

Já não me rasgo, não grito.
Prefiro o silêncio... ele fala.

Quantos planos eu tenho,
antes só tinha você.
Era um tropeço, um engasgo.

Agora eu me tenho, eu me basto...
Enxergo ao longe, um mundo lindo...

Eu não te contei?
Eu nem te vi...

Bsb, 29/set/2012

UM BRINDE




Às barreiras transpostas.

Ao período de escassez que precede a fartura do esclarecimento.

À solidão que faz compreender o quanto é bom estar a dois, a três, a quatro, a mil...

Aos amigos de fato, aqueles que escrevem nossa história e nos põem a rir e/ou a chorar de emoção, seja ao lembrá-los ou no desfrute de suas companhias.

Ao trabalho, que engrandece, dignifica e nos faz sentir gente.

À felicidade, porque existe; ainda que em gotículas, mas que salva e valoriza o bem maior: a vida.

Bsb, 2002

POR UM INSTANTE




Vida, instante mágico, fluídico,
sons natureza,
paixões entrecortadas.

Vida multidão,
vida solidão,
vida, paixão.

Cores se refazendo em mim,
saudade falanto de ti;
cinzas soprando no ar,
lembrando fogueira,
presença da vida.

Fogo queimando meu ser,
eu só, só aqui, sem ter você.

Silêncio que ecoa meus gritos,
gritos que chamam você,
você que não volta pra mim.

Saudade batendo forte,
coração forte batendo,
batendo, batendo, por ti.

(A saudade do que não pode mais ser... do que não pode mais ser)

Bsb, 1992

POETISANDO





E há razão para a flor,
e faz sentido o orvalho.
E tem beleza o calor,
e faz tão bem a garoa.

E é tão gostosa a chuva,
aninhando a gente com outra gente.
Criando calores humanos,
aconchegando no espaço
até então vazio.

E há razão para o sentir,
e há razão para o chorar.

Enquanto houver razão para se viver.

Bsb, 05/12/94