segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A FORASTEIRA



By Mércia Dantas

Vestida de roupas luxuosas, de alta grife, murmura cabisbaixa, quase num lamento,  ao chegar numa mercearia:
- Moço, me vende uma garrafa de álcool fiado?
Do outro lado do balcão, o dono olha aquela jovem, tão bem arrumada e intrigado com o pedido, sem pestanejar, responde:
- Aqui nesta cidade não se vende fiado não, moça. É tudo no dinheiro.
As lágrimas assomaram-lhe aos olhos, abriu a bolsa e mostrou a identidade, o homem não se abalou. Ela resolveu então propor uma troca. Tirou a aliança de ouro da mão esquerda e disse: fique então com minha aliança até eu arranjar o dinheiro.  Ele resolveu confiar o produto e entregou a garrafa de álcool.
Deve ter ficado com pena, ela estava grávida.
Ela saiu depressa pra acender o fogareiro com o álcool e fazer a primeira e única refeição possível naquele dia:  sardinha com pão. Mais nada!
Há poucos meses, vivia numa casa de frente pro mar, com três empregadas e onde se faziam jantares à base de lagosta regada a bons vinhos franceses.
Mas, ela teve que partir, deixar seu lugar, aprender com o mundo.
Vivenciou extremos, teve que aprender com a indiferença, a diferença.

Bsb, 21/jan/2013

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