Deixei-me ficar nessa desordem,
descompassou o coração,
larguei travesseiros
no chão,
roupas sem lugar,
a insinuar restos da paixão.
Deixei-me estar nesta mornura,
a lembrar o gozo consentido
e farto, prolongando a
inevitável lassidão.
Deixei-me entranhar
pensamentos, de ti, tão loucos,
que, por quase pouco,
me esvaziam a razão
Deixei-me ficar assim perdida,
em alguns momentos, entorpecida,
inebriada pela tépida
lembrança da tua vinda.
Deixei-me assim,
cansada e rouca;
na languidez do ambiente
e na lembrança da tua boca,
a saciar a desordenada sede de teu ser
que nunca me diz: NÃO.
Brasília, 01/11/94 - por Mércia Dantas
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