quarta-feira, 20 de junho de 2012


FOTOGRAFIA DA ALMA

Por Mércia Dantas, em junho/2003

Nos meus cinquenta e dois anos faço uma auto-análise de quem sou, o que quero, para onde vou. Reflito, faço um pequeno balanço. Tento não lembrar das dores: da alma, dos enganos, das traições, das perdas. Estas doem mais do que a minha artrite. Tenho planos – tantos já tive e os desfiz. Mas continuo inteira, íntegra, feliz. Tenho uma mente fotográfica, privilegiada. Tenho filhos perfeitos, inteligentes, amorosos. Tenho uma casa para morar – quantos não a têm. Sou privada pela doença de dar passos largos, como gosto. Mas sou beneficidada por uma mente ágil, sou generosa. Minha vida, até agora, não tem sido melhor que a de outrem, mas é uma vida com histórias para contar, para rir e chorar.  Sou feliz porque sei discernir  – agora sei – o certo do errado. Estou feliz porque posso e quero chegar em algum lugar e sei como buscar e alcançar minhas metas. Me sinto gente, porque faço dos meus dias, uma missão. Missão de ser cidadã, de ser mãe, de ser amiga. Busco no meu interior e esqueço da marca do tempo, no corpo; e percebo que o tempo não passou para o meu coração. Que continua jovem, palpitante, esperançoso, de dias melhores, de uma nova paixão, de um novo amor. Percebo que estou aprendendo, finalmente, a conjugar o verbo AMAR e todos os seus derivativos. E assim fotografo a minha alma, que é bem colorida, farta, alegre. Em alguns momentos triste, solitária, mas sempre alma. Não mais pura, mas que acredita em DEUS.

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